Por que celebramos o dia 08 de março? 🤔

Em 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Esta data é importante uma vez que permite refletir sobre as conquistas alcançadas e os desafios enfrentados pelas mulheres no caminho da igualdade de género em todas as esferas da vida.

A celebração do Dia Internacional da Mulher remonta ao início do século XX. Este dia foi celebrado pela primeira vez em 1911, pela iniciativa de Clara Zetkin, aprovada no congresso internacional das mulheres na Internacional Socialista em 1910. Nos primeiros anos foi celebrado em dias diferentes, mas sempre em março, a 19 e a 25, dependendo dos diferentes contextos ou países.

Após a greve das operárias russas, a 8 de março de 1917, que marcou o início da Revolução Russa, passou a ser celebrado então nessa data. Em 1975 a Organização das Nações Unidas instituiu oficialmente esta data como Dia Internacional da Mulher.

Quem foram as mulheres que marcaram a história de Portugal?

Este dia tem por objetivo celebrar os direitos que as mulheres conquistaram até ao dia de hoje, relembrando o caminho para a igualdade.

Defender causas como o direito ao voto, a igualdade salarial, a maior representação em cargos de liderança, a proteção em situações de violência física e/ou psicológica ou o acesso à educação continuam atuais porque, em vários pontos do globo, esses direitos continuam por cumprir.

Então hoje destacamos 5 mulheres que marcaram a história de Portugal, com coragem e determinação, na procura pela igualdade de gênero.

Adelaide Cabete

Adelaide Cabete (1867- 1935)
1867- 1935

Licenciou-se em Medicina no ano de 1900, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, apresentando como tema de dissertação de conclusão de curso um estudo intitulado “A Proteção às Mulheres Grávidas Pobres“, mais tarde publicado.

Denotou logo então uma vertente humanista e uma consciência social notáveis, dedicando-se a problemas bastante esquecidos ou secundarizados no quotidiano português de meados do século.

Politicamente era uma republicana convicta e assumida, embora a sua maior luta e principal terreno de atuação e debate tenha sido o feminismo, de que foi uma militante apaixonada.

Foi ela quem organizou em Portugal as célebres “Ligas da Bondade”, obra voluntária de assistência social dirigida por mulheres.

Carolina Beatriz Ângelo

Carolina Beatriz Ângelo (1877-1911)
1877-1911

Pioneira do feminismo sufragista, foi a primeira mulher a praticar cirurgia e a exercer o direito de voto em Portugal.

Em 1902, Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira médica portuguesa a operar no Hospital de S. José, em Lisboa, sob a orientação de Miguel Bombarda.

A primeira lei eleitoral da I República, publicada a 14 de março de 1911, reconhecia o direito de votar aos «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família». Carolina Beatriz viu nesta redação ambígua da lei a oportunidade de exercer o direito ao voto, invocando a sua condição de chefe de família após o óbito de seu marido Januário Barreto em junho de 1910.

Viúva, com uma filha menor a cargo, com mais de 21 anos e instruída, dirigiu ao presidente da comissão recenseadora do 2º Bairro de Lisboa um requerimento no sentido de o seu nome «ser incluído no novo recenseamento eleitoral a que tem de proceder-se»

A 28 de abril de 1911, o juiz João Baptista de Castro proferia uma sentença histórica e revolucionária ao incluir o nome de Carolina Beatriz Ângelo no caderno de recenseamento eleitoral.

«Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo Partido Republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral».

Ao referir-se a cidadãos portugueses, o juiz Castro considerou que a lei englobava homens e mulheres, “pois se o legislador tivesse intenção de as excluir tê-lo-ia manifestado de forma clara”.

Assim, a 28 de maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto

Maria Veleda

Maria Veleda (1871-1955)
1871-1955


Maria Veleda foi uma educadora, ativista e feminista portuguesa que desempenhou um papel crucial na promoção dos direitos das mulheres durante a Primeira República em Portugal.

Num período em que as mulheres lutavam por mais participação na vida pública e pela igualdade de direitos, Maria Veleda fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP) em 1911. Esta organização pioneira abrangia várias áreas, incluindo o voto feminino, acesso à educação, direitos de trabalho e a participação ativa das mulheres na vida política. Além das iniciativas políticas e sociais, a LRMP publicava uma revista chamada “A Mulher e a Criança”, que discutia temas relacionados com os direitos das mulheres, educação, saúde e questões sociais. Foi fundamental na disseminação das ideias feministas e na consciencialização publica sobre as questões que afetavam as mulheres nesta época.

O seu trabalho e determinação em desafiar as normas sociais da época deixou um legado duradouro, que abriu caminho às futuras gerações de mulheres em Portugal.

Maria de Lurdes Pintasilgo

Maria de Lurdes Pintassilgo (1930-2004)
1930-2004

Maria de Lourdes Pintasilgo é uma referência incontornável na história da política portuguesa e na Europa, não só por ter sido a primeira e única mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra em Portugal, (1 de agosto de 1979) e a segunda na Europa, dois meses após a tomada de posse de Margarete Thatcher, no Reino Unido.

« O feminismo não é a luta das mulheres contra os homens: é a luta das mulheres pela sua autodeterminação; é o processo de libertação de uma cultura subjugada; é a conquista do espaço social e político onde ser mulher tenha lugar».

Maria Teresa Horta

1937-2025

Para além de ser uma das vozes mais proeminentes da literatura portuguesa contemporânea, Maria Teresa Horta fundou o Movimento de Libertação das Mulheres (MLM), um grupo ativista que lutava para promover a igualdade de género e combater a discriminação contra as mulheres. Este grupo foi exímio em provocar debates sobre questões feministas e a lutar pelos direitos das mulheres em várias esferas da sociedade.

Ao longo de sua carreira, Maria Teresa Horta recebeu diversos prémios que reconheceram a contribuição única para a literatura e para o ativismo em Portugal. Continua a ser uma figura influente, inspirando não apenas pela sua genialidade literária, mas também pelo compromisso com a igualdade de género e pela defesa dos direitos das mulheres.

O papel das mulheres na luta pela igualdade

Todas as mulheres enumeradas continuam a ser a exceção que confirma a regra da discriminação e das desigualdades no trabalho e no emprego.

Lembrá-las é, portanto, lembrar as inúmeras barreiras que as mulheres enfrentam no acesso a carreiras e cargos de decisão na política e nas empresas. É lembrar a discrepância entre o elevado número de diplomados do sexo masculino e a sub-representação feminina em cargos de decisão e liderança.

Referências bibliográficas

Artigo escrito pela nossa colega e historiadora Sara Lopes, a qual agradecemos pela valiosa contribuição.

Texto com referência nos artigos abaixo.

https://visao.pt/atualidade/sociedade/2021-03-08-10-mulheres-que-lutaram-pelos-nossos-direitos

https://expresso.pt/sociedade/2017-03-04-20-portuguesas-com-Historia

https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-internacional-da-mulher

https://unric.org/pt/dia-internacional-da-mulher-porque-e-que-ainda-se-celebra-este-dia

Partilhe este artigo:

Últimas Notícias